As
lesões esportivas são comuns e específicas de acordo com a natureza do esporte.
No caso da corrida, o toque repetido do pé no solo transfere as forças
mecânicas dos membros inferiores até a coluna. E se algo não está harmônico
neste "caminho das forças", as lesões podem aparecer com mais
freqüência.
Quando
falamos em lesões pensamos logo nas que são causadas pelo esporte ou atividade
física praticada. Porém, existem lesões que são decorrentes de nossas
atividades do dia-a-dia ou as que são provocadas pela junção de maus hábitos
posturais mais o esporte.
É
o caso da Síndrome do Piriforme, que é uma patologia que pode acontecer por
associação de fatores presentes no nosso dia-a-dia e na prática esportiva.
O
QUE É? A Síndrome do Piriforme é uma irritação do nervo ciático provocada
pelo aumento da tensão ou espasmo do músculo piriforme.
O
piriforme é um músculo pequeno e profundo, localizado na nádega, sob os glúteos
e tem como função a rotação externa da coxa, que é quando o joelho
"olha" para fora, além de auxiliar na abdução (abertura da coxa). Sua
localização vai do sacro (porção final da coluna) até o fêmur (osso da coxa). O
nervo ciático passa debaixo deste músculo, mas em algumas pessoas (10%) ele passa
através dele, o que aumenta a predisposição para a síndrome. Se o músculo for
tensionado pode haver compressão do nervo ciático o que causa dor, com
irradiação para a perna.
Alguns
estudos relatam predominância maior de casos em mulheres numa proporção de 6:1.
O
QUE CAUSA? A causa mais comum é a tensão e encurtamento do músculo
piriforme. Porém tensão e encurtamento da musculatura próxima a ele (coluna,
nádega e quadril) também geram tensão neste músculo, predispondo à compressão
do nervo ciático.
É
comum em esportes que requerem corrida, mudança de direção ou descarga de
peso excessiva. Os seguintes fatores podem também favorecer o aparecimento da
síndrome: corrida em terrenos duros ou irregulares, subir escadas, atividades
que exijam muito agachamento e uso de calçados inapropriados para o tipo de
pisada ou gastos demais.
No
caso de pronação excessiva, o membro inferior sofre uma rotação excessiva, o
que sobrecarrega a tíbia, joelho, quadril e coluna. Por isso é importante a
utilização de calçados adequados para o tipo de pisada.
Quem
anda e principalmente corre com a ponta do pé muito aberta, para fora (tipo dez
para as duas) tem mais chances de tensionar o piriforme, pois fica o tempo todo
estimulando o músculo na sua função, que é rodar a coxa para fora juntamente
com o pé quando o joelho está esticado.
O
aumento rápido na intensidade ou duração dos treinos pode contribuir para o
aparecimento da síndrome por sobrecarga do piriforme. Traumas diretos podem
provocar edema na região do piriforme ou causar uma tensão e conseqüente compressão
e irritação do nervo ciático.
Um
desequilíbrio muscular entre os rotadores internos e externos do quadril, como
no caso de rotadores externos mais fortes que os internos, contribuem para
encurtar o piriforme, além de desequilíbrios da pelve. Os distúrbios na
biomecânica dos membros inferiores e coluna, incluindo distúrbios na marcha,
vícios (maus hábitos) e alterações posturais também podem causar a síndrome.
Manter
a postura sentada por longos períodos, principalmente com a coxa em rotação
externa (como ao dirigir) diminui o aporte sanguíneo para a região do músculo e
altera a fisiologia do piriforme (e dos músculos próximos à ele também) e
provoca encurtamento.
Como
esta é uma patologia causada por um aumento na tensão do músculo (ou espasmo),
a falta de alongamento irá contribuir para que a musculatura envolvida se
tensione ainda mais e piore os sintomas.
SINTOMAS. As
queixas incluem dor que pode acontecer em alguns locais como: na região glútea
(nádega), quadril, lombar, membro inferior e também formigamento ou dormência,
que podem irradiar em direção à perna do lado acometido.
A
dor pode ser reproduzida na rotação externa do quadril resistida, que é quando
tentamos impedir o movimento de afastar os joelhos, ou seja, o joelho vai
para fora e o pé para dentro, como ao cruzar uma perna sobre a outra. Ou quando
se força o movimento contrário (rotação interna), isto é, quando forçamos o
movimento de levar o joelho para dentro e o pé para fora.
Numa
avaliação postural, o membro inferior acometido pode apresentar uma rotação
externa maior que o não acometido (com o joelho esticado o pé roda para fora e
sentado, o joelho "olha" para fora).
MEDIDAS
A SEREM TOMADAS. Procurar um médico para que o diagnóstico seja estabelecido,
descartando a possibilidade de outras patologias que têm sintomas parecidos com
a Síndrome do Piriforme é a primeira atitude a ser tomada. Deve ser feito um
exame físico detalhado para descartar a possibilidade de hérnia discal,
problemas associados à compressão nervosa na região lombar (estreitamentos de
forames), artroses ou patologias da região sacro-ilíaca.
Como
é uma condição patológica que não se comprova em exames de imagem, o
diagnóstico é estabelecido com base no exame físico e nos sintomas, o que pode
acarretar em erro no diagnóstico e dificuldade no tratamento, ao se focar em
coluna quando o problema está na região do quadril.
Depois
de confirmado o diagnóstico, podem ser prescrito medicamentos para auxiliar no
alívio da dor e relaxar a musculatura. Pode ser orientado repouso relativo
(parar corrida ou qualquer outra atividade física por um tempo) ou apenas a
redução no ritmo da corrida. Porém é importante a realização da fisioterapia,
onde será orientado um programa de exercícios para equilibrar a musculatura,
além de técnicas diversas para alívio dos sintomas, de acordo com cada quadro
apresentado. Com isso, a prática esportiva acontecerá sem riscos de retorno dos
sintomas.
TRATAMENTO.
O tratamento tem como objetivos a redução da dor, melhora da flexibilidade e
força e diminuição da tensão do músculo piriforme e dos músculos próximos à
região, através de técnicas de massagem. Poderão ser utilizados aparelhos como
ultra-som para o alívio da dor e formigamento/dormência e deve ser orientado um
programa de alongamentos e fortalecimentos para que o retorno ao ritmo de
corrida seja seguro e com boa performance.
A
utilização de ultra-som e massagem são técnicas efetivas para remover
metabólitos e tecido cicatricial (evita fibrose), além de acelerar a resolução
da lesão.
A
aplicação de gelo deverá ser feita para diminuir a dor, pois o gelo tem efeito
analgésico e anti-inflamatório.
Os
exercícios de alongamento e fortalecimento devem ser iniciados, de acordo com o
quadro apresentado pelo paciente. Os alongamentos devem ser feitos no início de
forma leve e os fortalecimentos devem ser introduzidos gradualmente.
Todos os músculos
envolvidos, além do piriforme, devem ser alongados e fortalecidos para que
funcionem em harmonia sem causar nenhum transtorno ao atleta no futuro.
fonte: http://revistacontrarelogio.com.br/materia/sindrome-do-piriforme-conhece/
Paulo Vicente - Personal Trainer
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