Olá pessoal, um texto muito esclarecedor sobre longevidade, uma
matéria da jornalista Maria Clara Serra, para o portal OGLOBO, onde
no final da matéria, esclarece que a velha receita para a
longevidade continua sendo a prevenção associada á uma prática
regular de atividade física.
Nada mais apropriado do que aproveitar o início de um novo ciclo
para renovar os planos para cuidar da saúde. E o momento de reflexão
faz com que o movimento nas clínicas de check-up tenha seu maior
pico nesta época do ano. Ir ao médico regularmente, no entanto, não
basta, alertam os especialistas. Para o homem moderno, que vive hoje
com uma expectativa média de 80 anos - e que tende a subir com os
avanços na medicina preventiva, biotecnologia e remédios cada vez
mais precisos - combater o estresse, responsável por 80% das
consultas médicas no mundo, deve ser uma tarefa diária e constante
em busca de uma vida mais longa e de qualidade.
Nascida no início dos anos 60, a medicina preventiva foi fruto da
corrida espacial - americanos inventaram o check-up para que
astronautas não tivessem problemas de saúde no espaço - e mudou
muito de lá para cá. O advento de vacinas com uma cobertura cada
vez mais abrangente e a ampliação das noções de saúde pública,
com campanhas de prevenção, além de técnicas sofisticadas para
tratamento de doenças mais frequentes, aumentou a longevidade humana
desde então. Somente no Brasil, entre 1960 e 2010, a expectativa
média de vida dos brasileiros passou de 48 para 73,4 anos. Foram
25,4 anos a mais em 50 anos, ou um pouco mais de cinco anos por
década.
- A importância da medicina preventiva também foi muito grande no
sentido do custo-benefício da saúde pública. Se pudermos evitar o
aparecimento de um novo paciente com diabetes, por exemplo, fazendo
determinadas condutas, prevenimos o custo com o tratamento da doença
- diz Pietro Novelino, presidente da Academia Nacional de Medicina. -
A prevenção não é apenas para que a doença não venha. Pacientes
cardiopatas ou com diabetes, por exemplo, já têm todo um
acompanhamento visando o aumento da sua qualidade de vida.
Mais conforto e precisão
A prevenção caminha a passos largos, mas o campo do tratamento é o
que reúne os maiores avanços da medicina. A cirurgia robótica ou
assistida por computador já é uma realidade e tem mudado as
perspectivas de recuperação de pacientes em diversas áreas, como
urologia, gastroenterologia, ginecologia e cardiologia, além de ser
muito utilizada em procedimentos na cabeça, no pescoço e no tórax.
- O limite da idade humana vai acabar com o avanço das novas
tecnologias. Já conseguimos reduzir o tempo de cura e cicatrização
de cirurgias com o uso da robótica, e o aumento do conhecimento da
biologia molecular nos possibilita criar órgãos artificiais a
partir de células-tronco - conta Gilberto Ururahy, diretor médico
da Med-Rio Check-up. - Sem falar na nanotecnologia. São motores e
receptores implantados na célula do indivíduo e conectados a
computadores super modernos. Além de aumentar o monitoramento da
saúde do paciente, a tecnologia pode fazer com o que o corpo
responda muito melhor ao tratamento.
Se tempos atrás membros de uma família portadora de uma doença
genética com um percentual de penetrância elevado (maior chance de
que o gene se expresse em parentes e descendentes) só ficavam
cientes do problema após a manifestação dos sintomas - o que
reduzia suas chances de cura - agora exames que podem apontar fatores
de risco presentes no DNA são cobertos até por planos de saúde.
- Em breve, cada indivíduo vai ter em mãos seu mapa genético -
aponta Ururahy. - Mas apesar dos benefícios que isso pode trazer,
segundo uma pesquisa da Universidade de Stanford, apenas 10% das
mortes no mundo estão ligadas à genética. A maior parte, 80%, está
associada ao estilo de vida.
Com uma atmosfera cada vez mais poluída - segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), 223 mil pessoas morreram de câncer de
pulmão relacionado com a poluição do ar em 2010 -, o aumento do
uso de agrotóxicos e cada vez mais problemas relacionados com a
sobrevivência e a adaptação às mudanças climáticas, o meio
ambiente se torna um dos fatores de risco que podem desequilibrar
essa equação de avanços, segundo Novelino:
- Somos produtos do meio - afirma. - Não dá para assegurar, mas
pela minha experiência de mais de 50 anos de exercício da medicina,
acredito que houve um aumento de 30% a 35% de influência dos fatores
ambientais no desenvolvimento de doenças.
Estresse e consumo de cigarro preocupam
E o consumo de cigarro está diretamente ligado ao problema. Segundo
a OMS, eles contêm mais de 4.500 compostos químicos, muitos dos
quais se transformam em outras combinações e liberam poluentes como
arsênico, amônia, sulfito de hidrogênio, cianeto hidrogenado e
monóxido de carbono.
Apesar da restrição aos anúncios e campanhas de conscientização
no mundo inteiro, a organização estima que um terço da população
mundial adulta, o que corresponde a 1,2 bilhão de pessoas, seja
fumante. No Brasil, o consumo de tabaco caiu 20% entre 2006 e 2012,
de acordo com dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas,
mas, mesmo assim, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que,
a cada ano, 200 mil brasileiros morram precocemente devido às
doenças causadas pelo tabagismo.
- O cigarro é um fator de risco muito grande, mas não apenas para
quem o consome. Cerca de 3% das mortes no mundo são relacionadas com
o fumo passivo - alerta Novelino. - Por isso eu sempre chamo a
atenção de mães e pais para que jamais fumem perto de crianças.
O maior problema de saúde pública nos dias de hoje, no entanto, é
um inimigo silencioso que convive com a maioria da população
mundial todos os dias: o estresse.
- O que eu venho observando depois de 70 mil check-ups médicos é
que o estresse crônico é o principal fator de risco para a saúde
do homem moderno - afirma Ururahy. - A medicina preventiva faz o
homem viver cada vez mais, mas os males causados pelo estresse
preocupam. Um dos órgãos que mais sente os seus efeitos é o
coração. Por isso, 40% das mortes em grandes centros urbanos têm
como causa problemas cardíacos.
Autor do livro “O Cérebro Emocional: As Emoções e o Estresse do
Cotidiano”, Ururahy é um dos maiores defensores do impacto do
estresse no aumento da incidência de um estilo de vida inadequado.
Segundo ele, as consequências no corpo são causadas pelo aumento da
produção dos hormônios adrenalina e cortisol.
- O cortisol afeta a imunidade, acarretando infecções de repetição,
aumento da resistência à insulina, agressão à mucosa
gastrointestinal, que gera aumento do apetite, e maior aparecimento
de coágulos sanguíneos - explica Ururahy. - Já a adrenalina, um
forte estimulante, faz com que a pessoa durma mal e acorde cansada no
dia seguinte. Como a produção no trabalho não pode parar, esse
indivíduo lança mão de produtos com cafeína e de alimentos
açucarados, que são fonte de energia. Aquele que fuma, fuma mais,
porque a nicotina também é um estimulante. Então vemos aparecer o
que chamamos de ciclo dos excitantes, que causa doenças como
obesidade, depressão e lapso de memória.
Hoje o conhecimento do corpo humano e a aplicação de novas
tecnologias para evitar ou curar doenças pode fazer, literalmente,
milagres. Mas a melhor maneira de alcançar uma vida mais longa e com
qualidade segue sendo a boa e velha receita: atividade física
regular, alimentação equilibrada e sono repousante.
Paulo Vicente - Personal Trainer