Um dos grandes dilemas dos praticantes de modalidades que envolvam
força muscular, Seria o alongamento indicado precedendo o
treinamento?
Grandes amigos, uma matéria bem esclarecedora a respeito do alongamento pré ou pós treino.
No corpo humano existem, segundo Achour Júnior (2006) tecidos
contráteis (músculos) e não contráteis (fáscias, tendões e
ligamentos), sendo que ambos possuem propriedades elásticas e
plásticas. Para se conseguir a deformação plástica, a tensão
aplicada com o exercício de alongamento deve alcançar e permanecer,
ou até mesmo superar ligeiramente o limite elástico do tecido.
Ainda segundo o autor, a manutenção da tensão de alongamento causa
o aumento no tamanho do tecido.
Atualmente, o alongamento muscular antes do exercício vem gerando
controvérsias em relação aos seus efeitos no que diz respeito ao
desempenho muscular.
Shrier (2004) analisou, em sua revisão crítica, 32 estudos
relacionados à influência do alongamento pré-exercício na
performance muscular. Além de não encontrar benefícios em nenhum
dos estudos, o autor ainda constatou que em 20 deles foram relatados
efeitos deletérios agudos do alongamento na capacidade de geração
de força muscular. Entretanto, há divergência entre os estudos em
relação ao motivo que teria gerado a diminuição da força por
conta do alongamento prévio. A capacidade de geração de tensão
muscular é otimizada quando o sarcômero encontra-se na posição de
repouso, pois assim é permitida a ativação de todas as possíveis
pontes cruzadas de ligação entre actina e miosina presentes no
mesmo (DI ALENCAR; MATIAS, 2010).
Quando um músculo está muito encurtado ocorre a sobreposição dos
filamentos de actina e miosina, isso acarreta em um numero reduzido
de ligações entre elas e, consequentemente, em um menor potencial
de desenvolvimento de força na contração (RAMOS; SANTOS;
GONÇALVES, 2007). Da mesma forma, se o músculo for alongado muito
além do seu comprimento de repouso, o número de pontes cruzadas
também diminui, uma vez que a sobreposição dos filamentos
proteicos se reduz drasticamente.
Os efeitos gerados com a aplicação de exercícios de alongamento
podem ser divididos em agudos (imediatos) e crônicos (ao longo do
tempo). Os agudos são resultado da flexibilização do componente
elástico da unidade musculotendínea. Já os efeitos crônicos são
resultantes de um remodelamento adaptativo do músculo, que se dá
pelo acréscimo do numero de sarcômeros em série nas miofibrilas,
implicando no aumento do comprimento do músculo (HALL; BROD, 2007
apud DI ALENCAR ;MATIAS,2010).
Para Shrier e Gossal (2000) apud Di Alencar; Matias (2010), os
exercícios de alongamento proporcionam a diminuição direta da
tensão muscular através das mudanças viscoelásticas passiva ou
diminuição indireta devido à inibição reflexa e à consequente
mudança na viscoelasticidade oriundas da redução de pontes
cruzadas entre actina e miosina. O resultado de uma tensão muscular
menor é uma amplitude articular maior. Outro aspecto que pode
influenciar negativamente na geração de força muscular após o
alongamento está relacionado a fatores neurais (GREGO NETO, 2007).
O arco reflexo na musculatura esquelética se apresenta como um
importante mecanismo de ajuste do nível de contração muscular, uma
vez que mantém o centro integrador constantemente informado sobre o
estado de estiramento e tensão muscular (McARDLE, KATCH e KATCH,
2003 apud DI ALENCAR ;MATIAS,2010 ). Os principais receptores
envolvidos nesse mecanismo são os fusos musculares e os órgãos
tendinosos de Golgi.
Paulo Vicente - Personal Trainer