Você sofre de cybercondria?
Estudo mostra que buscar na internet a causa dos seus males nem
sempre é o melhor remédio
Você chega ao trabalho com uma tremenda dor de cabeça. Já é a
terceira vez na semana. Antes de partir para mais uma aspirina,
você:
a) liga para marcar uma consulta médica
b) pergunta a alguém do escritório se conhece um “santo remédio”
para enxaqueca
c) entra na internet e digita “dor de cabeça”
Se você escolheu alternativa C, saiba que faz parte do clube dos
cybercondríacos. A definição ainda não consta do Aurélio, mas já
afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Tanto que a Microsoft
decidiu fazer um estudo interno com seus funcionários para descobrir
quantos eram adeptos da má prática.
O estudo, publicado esta semana no “New York Times” e na rede,
sugere que o autodiagnóstico via internet leva normalmente a pessoa
a concluir que está muito pior do que seu real estado de saúde. O
coordenador do estudo, Eric Horvitz, percebeu que ao pesquisar dor de
cabeça (*), as pessoas recebem praticamente a mesma quantidade de
resultados ligando a condição a um tumor cerebral e à abstinência
de cafeína – mesmo que a primeira seja muito mais rara.
“As pessoas tendem a olhar apenas para os primeiros
resultados”, explicou o pesquisador, especializado em inteligência
artificial na Microsoft Research e diplomado em Medicina. “Se for
tumor cerebral, elas simplesmente vão usar esse resultado como ponto
de partida para uma nova busca”.
Os pesquisadores, porém, perceberam que as pessoas tratam os
buscadores como se eles pudessem responder a todas as questões como
autênticos experts no assunto.
Cybercondríacos unidos
Embora o termo cybercondria exista desde 2000, ele passou a ser mais
usado dois anos depois. Refere-se à prática de chegar a conclusões
apressadas (ou errôneas) durante a busca de algum assunto
relacionado a saúde.
Em maio de 2002, a pesquisa “Pew Internet & American Life
Project” chamou os cybercondríacos de “buscadores de saúde”.
O estudo concluiu que seis milhões de americanos entravam
diariamente na rede para procurar conselho médico. “Isso significa
que mais gente entra online para buscar informação sobre sua saúde
do que todos os profissionais de saúde somados em um dia”, disse o
estudo. Felizmente, o estudo também mostrou que, ao menos naquela
época, apenas 2% dos cybercondríacos conheciam alguém que tinha
ficado bem mal por seguir o conselho errado na internet. Foi com essa
preocupação que os pesquisadores da Microsoft decidiram mudar o
rumo do estudo, que nasceu originalmente de um esforço para
acrescentar recursos ao sistema de busca da Microsoft – tornando-o
mais um “conselheiro” do que um mecanismo de obtenção de
informação. Temas relacionados a saúde somam 2% do total de buscas
em toda a rede.
Expert online
A pesquisa acompanhou um milhão de usuários da rede. Um quarto
desse número, aproximadamente 250 mil usuários, usaram a internet
para pesquisar alguma condição médica durante o estudo.
Dos mais de 500 funcionários da Microsoft que responderam à
pesquisa sobre seus hábitos de busca ligados a saúde, mais da
metade interrompeu sua atividade de trabalho ao menos uma vez para
pesquisar doenças graves na rede. Pior: aproximadamente um terço
dos envolvidos na pesquisa perdeu ainda mais tempo e viu seu nível
de ansiedade crescer ao aprofundar a busca.
Os pesquisadores disseram que a propensão dos usuários da rede de
chegar a conclusões terríveis sobre seu estado de saúde já havia
sido observada há muito tempo por cientistas. A diferença é que a
confiança que muitos usuários depositam em um determinado mecanismo
de busca os leva a conclusões erradas.
Horvitz acredita que os buscadores podem evoluir para se tornar um
mecanismo mais confiável. Nos anos 1990, pesquisadores da Microsoft
criaram um sistema de aconselhamento médico apenas para gravidez e
cuidados com a criança. No futuro, diz, talvez seja possível
detectar as dúvidas médicas e oferecer aconselhamento que não
levaria os usuários da web a imaginar sempre o pior.
Os pesquisadores disseram que sua intenção não é dizer às
pessoas para ignorar os sintomas. Mas ao examinar a listagem de busca
perceberam que os cybercondríacos acabam tomados por uma ansiedade
que poderia ser evitada.
(*) Pesquisando “dor de cabeça” no Google, o buscador apresentou
aproximadamente 2.370.000 resultados, incluindo dor de cabeça após
orgasmo e ATM.
Paulo Vicente - Personal Trainer
Acho que pesquisar na internet sobre sintomas pra diagnosticar uma doença é muito perigoso.
ResponderExcluirSim, a pessoa sem saber pode ser induzida ao erro.
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