Tratamento com hormônios, vitaminas e antioxidantes não teria resultado.
CFM permite uso de substâncias em caso de deficiência diagnosticada.
Resolução do Conselho Federal de
Medicina (CFM) publicada nesta sexta-feira (19) no Diário Oficial da União
proíbe aos médicos do país a indicação e a aplicação dos chamados tratamentos
antienvelhecimento, que usam hormônios, antioxidantes ou vitaminas, sob risco
de cassação da licença do profissional.
O uso dessas substâncias permanece
permitido no tratamento de problemas de saúde em que a aplicação delas tenha
eficácia comprovada pela ciência. Não é o caso dos métodos de rejuvenescimento
agora proibidos, que foram, inclusive, relacionados com casos de câncer e
alterações hormonais graves, segundo informa Elisa Franco de Assis Costa,
membro da Câmara Técnica de Geriatria do CFM.
A partir da publicação, profissionais
ficam impedidos de oferecer tratamentos antienvelhecimento com a substância
EDTA (etilenodiaminatetraacetico), classificada como "quelante", que
promete quebrar o efeito de minerais como ferro, cálcio e alumínio que se
acumulam no organismo, ou com o DHEA (dehidroepiandrosterona), um propulsor
hormonal que reduziria marcas da idade.
Também fica vedada a aplicação do hormônio
do crescimento e a indicação de ingestão de antioxidantes como gincobiloba,
vitaminas C e E, para tratamentos rejuvenescedores.
“Há alguns anos esses tratamentos vêm se
proliferando pelo Brasil. Isso explora a ilusão humana. Depois de analisarmos
vários estudos relacionados ao tratamento antienvelhecimento, o conselho viu
que não há comprovação de resultados positivos do uso de hormônios,
antioxidantes, vitaminas, além da trocaína (um anestésico aplicado na veia para
rejuvenescimento)”, explica a profissional.
Segundo o conselho, a nova regra reforça
limitação imposta pelo Código de Ética Médica, em vigor desde 2010, que também
desautoriza o emprego de técnicas sem comprovação cientifica.
A resolução atual também dialoga com os
conteúdos das resoluções 1938/2010, que alerta para a ineficácia das práticas
ortomoleculares com o intuito de combater processos como o antienvelhecimento,
e a 1974/2011, que trata de publicidade médica. A norma do ano passado proíbe
médicos de anunciarem e prometerem resultados aos pacientes divulgarem o uso de
métodos sem comprovação cientifica.
De acordo com o Diário Oficial, há
preocupação com o “treinamento de profissionais para a prescrição de hormônios
e outros tratamentos ainda sem comprovação científica, com o suposto objetivo
de prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento”.
Segundo a médica do CFM, um dos motivos de
acelerar a publicação da normativa foi a chegada de uma solicitação ao conselho
para avaliar a criação de um curso de modulação hormonal, que ainda não existia
no Brasil e para a qual não há comprovação científica de eficácia.
“Por enquanto não há ainda uma solução
[para retardar a velhice]”, disse. Segundo Elisa, alguns tratamentos, como a
ingestão de vitamina E, já são relacionados com casos de câncer de próstata em homens. Ela afirma
também que o tratamento com o hormônio DHEA pode provocar distúrbios, como
aumento das taxas de hormônios masculinos em mulheres.
Pacientes podem denunciar profissionais
que ainda utilizarem os métodos ou divulgarem benefícios sobre eles para o CFM,
que repassará informações aos Conselhos Regionais de Medicina (CRM). Caso haja
a constatação da ilegalidade, um processo de investigação deverá ser aberto e o
profissional pode perder a licença médica de forma definitiva como punição.
Hábitos de vida retardam envelhecimento
Segundo doutora Elisa, para ter um envelhecimento saudável é preciso ter
melhores hábitos de vida e atividades mentais, além de controlar fatores de
riscos para doenças e tratar problemas de saúde crônicos.
“Até a cidade em que
vivemos influencia o envelhecimento saudável. Cabe ao profissional médico
buscar e recomendar aquilo que funcione para o paciente e que vai lhe trazer
benefícios”, conclui.
Paulo Vicente - Personal Trainer
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